toque do olhar

pensei

repensei

dispensei

enlaços

não digo

e não me diz

o 'carne da minha carne',

o 'sangue do meu sangue'.

eu digo

do corpo a corpo amoroso

eu olho, desejo, 
escolho meus laços

eu recebo

o outro

em mim

eu vivo

amor puro

fora

da consanguinidade

dentro

do ambiente de prazer e

complexidade

que é o corpo-ser

de uma

mulher

de hoje

roupa-fole

visto meu fole colado ao peito
e abro sons

roupa de pregas a arejar
minha dupla de pulmões 

o coração na garupa bombeia largo
pulsa
amansa

sanfona
instrumento que convida a dança
sanfona
instrumento que seduz o tato

dou linha

percebo
fios soltos
em mim

dou linha
não costuro (nem corto)
dou linha

e cada fio
ao seu gosto
empina sua pipa

cada fio
ao léu
me leva

dividida
em pipaspartesdocorpo
ao meu gosto

crua

vou 

pra rua

nua 

na 

alma

calma

crua

veio

percorre

o veio feminino

chega

à flor vemelha

ferrosa

ninho florescente

desperta

conversa

mostra

com pronúncia única

o olhar dos mamilos

a fala da vulva