quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

briga

feminino              agressivo


masculino                           violento


o masculino grita que o feminino nunca ouviu, nunca acolheu, não entendeu, repudia seu masculino, escancara sua fraqueza, - dele, masculino, que não tem direito a fraqueza - grita que ele, o feminino, tem o mal injetado em veia, agride, exige, problematiza, estraga


o feminino sente que nunca foi visto de fato porque ele é interno, difícil de fixar para que se pudesse captar (porque é cíclico, a cada momento está diferente), sente que seu grau de calor e intuição não vale nada ao masculino... que o masculino não lê seus poemas nem o amor em seus olhos, e nunca se emocionou com uma letra de música... mas acredita nele quando ouve que ele, o feminino, é bem pior do pensa ser...
(...ele é interno porque ainda precisa se firmar nesse mundo, que foi sempre do masculino na forma, e assim se defende historicamente, se impõe em razões, por reflexos talvez ultrapassados de herança genética... e assim tem a doença ansiosa de não ouvir frases e argumentações inteiras, interrompe, se aflige, se defende)


arte, para o masculino, é vida, fluência, alívio, escape

criação, para o feminino, existe tão implicitamente no ser cíclico e no instinto de cuidar, que para virar arte precisa muito leite e sangue derramados, precisa de carimbo com reconhecimento, precisa acessar o masculino que estaria ali, ao lado, junto do feminino, e arte, quando ocorre ao feminino, é puro deleite, é um feito, deslize de planos e dimensões, e tudo isso, quase sempre, fica invisível pro masculino, mesmo pro lado masculino que mora ali, ao lado do feminino, em cada ser


diálogo, entre eles, é lenda, até desespero, mas o feminino, quando livre em seus campos, expressa e entende infinitos - ainda que o masculino negue, mesmo testemunhando seguidamente, que isso possa ter acontecido uma vez sequer... e ele, o masculino, senhor da palavra e do discurso, por trás de uma timidez apenas estilística, promove e aquece muitos e muitos diálogos com sua esperteza inata - isso é visto e percebido pelo feminino, que pensa: ?

Um comentário:

  1. que lindo, san! dona jacyra vai ficar muito honrada de ter dado título a reflexão tão cheia de poesia! bjbjbj

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